3 de jan. de 2009

Ambiente tem poder grande sobre os genes

Desnutrição da mãe deixa marcas no DNA da criança

EDUARDO GERAQUEda Folha de S.Paulo


As condições do ambiente são determinantes para a história genética dos indivíduos, mesmo ainda dentro do útero materno. Mais uma prova disso vem de um estudo feito com o material genético de pessoas que nasceram na Holanda no fim da 2ª Guerra Mundial, quando o país passava por um embargo de comida imposto pelos alemães entre dezembro de 1944 e junho de 1945.
Cientistas dos EUA e da Holanda avaliaram o DNA de 122 pessoas. Metade do grupo estava no início da fase uterina quando o embargo começou (nasceram durante o embargo ou logo depois). Os dados deles foram comparados com os de seus irmãos, que não foram gerados nem nasceram no período de racionamento.
O resultado obtido no estudo, publicado hoje na revista "PNAS", mostra que a falta de comida, nos primeiros meses de gestação, altera o material genético dos filhos. Nenhum deles, porém, nasceu abaixo do peso ou com algum problema evidente de saúde.
As análises mostraram que o gene IGF2 (fator de crescimento semelhante à insulina 2) dos holandeses que tiveram, nos anos 1940, suas mães expostas à privação de alimento, passou por um processo chamado pelos cientistas de alteração epigenética, que é diferente de uma mutação tradicional.
"É a prova, mais uma vez, de que o ambiente tem um poder muito grande sobre os nossos genes", disse à Folha o pesquisador Lambert Lumey, do Instituto de Psiquiatria do Estado de Nova York e da Universidade Columbia, principal autor do estudo da "PNAS".
O gene IGF2 dos fetos cujas mães passaram fome sofreu a perda de radicais de metila (CH3). A metilação (quando o grupo metila está preso ao DNA) é importante porque ela ajuda a silenciar genes que podem ser indesejáveis.
No caso do IGF2, quando ele deixa de ser silenciado -a metilação sempre ocorre na cópia herdada da mãe-, o potente fator de crescimento que ele sintetiza pode ficar mais disponível no organismo. A conseqüência imediata desse processo é que o produto do IGF2 pode servir de combustível para o desenvolvimento de tumores no futuro.
"Nossa grande pergunta agora é tentar entender como essa baixa metilação causada pela exposição ao racionamento de comida pode interferir na vida real dessas pessoas", afirma Lumey. A relação com o câncer, até agora, é apenas teórica.
O estudo feito com os holandeses, todos com mais de 60 anos hoje, não mostrou relação entre mudanças epigenéticas e a falta de comida no período final de gestação. "Isso reforça a tese de que o estágio inicial do desenvolvimento dos mamíferos é crucial para a manutenção de marcas epigenéticas."
Fonte: Folha de São Paulo

Nenhum comentário:

Quem sou eu

Minha foto
Sou paranaense de Ivaiporã e atualmente morando em Hortolândia desde 1991. Sou formado em matemática pela UNIVALE (PR), com especialização pela UNIG ( RJ ). Também sou formado em engenharia civil pela PUC - CAMPINAS ( PUCCAMP). Leciono atualmente na EE Prof. Euzébio A Rodrigues.Já lecionei em diversas escolas de Hortolândia-Sp e também em Sumaré - Sp. Nas escolas onde lecionei, fui representante de escola junto à APEOESP ( Sindicato dos professores ), além de ter sido também conselheiro regional. Defendo que a educação ( escola ) seja de qualidade e acessível para todos, onde tenhamos uma sociedade com cidadãos conscientes de que precisamos lutar por um mundo mais justo e com igualdade para todos. Esse é o verdadeiro papel da educação. Vamos à luta,pois sem nenhum esforço e dedicação, não conseguiremos atingir todos os nossos objetivos.
Powered By Blogger