As mesmas nuvens carregadas com as chuvas de verão anunciam tempestades e trovoadas para a educação em São Paulo. Após a constatação que a aprendizagem dos alunos escorreu pelos dedos, pela aprovação automática e pelas políticas públicas do Governo do Estado, fala-se em reformulação curricular para o próximo ano.
No pretexto de transformar o Ensino Médio em algo semi-profissionalizante extinguiu-se a 6ª aula do período diurno, que aliás não rendia nada, e reduziu-se a carga horária de algumas disciplinas para ampliar a de outras.
A lógica é simples: retirou-se tempo e conteúdo de disciplinas consideradas irrelevantes, como História, Geografia, Física, Química, Biologia, Sociologia, Filosofia, Artes e Educação Física para se ampliar a carga horária, já robusta, de disciplinas como Português e Matemática, como se isso fosse resolver o problema dos alunos que concluem o Ensino Médio sem saber ler, escrever e realizar as quatro operações matemáticas fundamentais.
De que adianta ampliar a carga horária dessas disciplinas, o que já foi feito há pouco tempo, se a estrutura física da escola, a atuação do professor e a abordagem dos conteúdos continuam as mesmas?
De que adianta falar em educação de qualidade, atuação pedagógica diferenciada e atenção às necessidades dos alunos se às salas de aula são verdadeiros depósitos, que concentram crianças e adolescentes em quantidade muito superior ao espaço físico disponível?
De que adianta falar em bônus, valorização do professor e respeito à educação se os profissionais do magistério são submetidos a jornadas desgastantes, assumindo o compromisso com a aprendizagem de uma quantidade de alunos muito além de suas capacidades, apenas para garantir um vencimento muitas vezes insuficiente para suas necessidades fisiológicas?
Se analisarmos a educação e o progresso dos países desenvolvidos, perceberemos que existe uma relação direta entre a escola e a produção de riqueza. O conhecimento aprendido na escola impulsiona os cidadãos do país ao progresso, à pesquisa e ao desenvolvimento de novas tecnologias e produtos, que agregam valor e contribuem decisivamente para a prosperidade nacional.
Nas aulas de Física, Química e Biologia os estudantes desses países ingressam nesse universo e despertam para a possibilidade de assumirem um papel nesse desenvolvimento.
Nas aulas de História, Geografia, Filosofia e Sociologia os estudantes percebem as características e peculiaridades das relações sócio-econômicas da realidade e entendem as posturas empreendedoras e as necessidades jurídicas que precisam desenvolver para que esse desenvolvimento ocorra.
Em vez disso, o que faz São Paulo? Restringe o conteúdo a ser disponibilizado aos seus estudantes e praticamente anula a possibilidade de desenvolvimento produtivo. Limitando seus alunos ao básico da leitura e dos fundamentos da Matemática, o Estado propõe a formação semi-profissional de uma mão-de-obra essencialmente barata e desprovida da capacidade de criar, inovar e perceber sua realidade.
Até parece que isso faz parte de um projeto, mais amplo e perverso, que visa restringir o acesso ao conhecimento mais avançado à uma parcela privilegiada da população, que tem a oportunidade de estudar nas escolas particulares. Até parece que esse projeto seria uma resposta à idéia de reservar uma quantidade de vagas das Universidades públicas aos alunos que estudaram o Ensino Médio no sistema público.
Por acaso os vestibulares dessas universidades serão limitados aos conteúdos semi-profissionalizantes que o Estado planeja adotar?
Uma coisa é certa: até quem acredita em alguma boa intenção das pessoas que elaboraram essas propostas de reformulação curricular é capaz de perceber que a abordagem da questão está ERRADA. Não se corrige um problema desses com mais do mesmo. É preciso fazer uma reformulação pedagógica completa.
Se o problema é estrutural, deve-se prover e reorganizar as estruturas físicas e burocráticas da escola.
Se o problema é o professor, deve-se primeiro garantir aos docentes às condições necessárias ao seu trabalho (financeiras, estruturais e pedagógicas) para depois cobrar as posturas necessárias.
Se problemas é o aluno e a qualidade da educação familiar, deve-se interferir nesse processo com programas sociais e exigências legais, como já prevê a nossa legislação.
Se o problema é o Governo do Estado, que, com uma proposta dessas não parece perceber a dimensão do problema, deve o Sr Governador do Estado de São Paulo ter a dignidade de utilizar sua grande capacidade de organizar e sistematizar informações e pessoas qualificadas para atacar o problema em todas as suas dimensões, para que, como aconteceu com a Progressão Continuada, a reformulação curricular não promova um desastre educacional para as próximas gerações.
No pretexto de transformar o Ensino Médio em algo semi-profissionalizante extinguiu-se a 6ª aula do período diurno, que aliás não rendia nada, e reduziu-se a carga horária de algumas disciplinas para ampliar a de outras.
A lógica é simples: retirou-se tempo e conteúdo de disciplinas consideradas irrelevantes, como História, Geografia, Física, Química, Biologia, Sociologia, Filosofia, Artes e Educação Física para se ampliar a carga horária, já robusta, de disciplinas como Português e Matemática, como se isso fosse resolver o problema dos alunos que concluem o Ensino Médio sem saber ler, escrever e realizar as quatro operações matemáticas fundamentais.
De que adianta ampliar a carga horária dessas disciplinas, o que já foi feito há pouco tempo, se a estrutura física da escola, a atuação do professor e a abordagem dos conteúdos continuam as mesmas?
De que adianta falar em educação de qualidade, atuação pedagógica diferenciada e atenção às necessidades dos alunos se às salas de aula são verdadeiros depósitos, que concentram crianças e adolescentes em quantidade muito superior ao espaço físico disponível?
De que adianta falar em bônus, valorização do professor e respeito à educação se os profissionais do magistério são submetidos a jornadas desgastantes, assumindo o compromisso com a aprendizagem de uma quantidade de alunos muito além de suas capacidades, apenas para garantir um vencimento muitas vezes insuficiente para suas necessidades fisiológicas?
Se analisarmos a educação e o progresso dos países desenvolvidos, perceberemos que existe uma relação direta entre a escola e a produção de riqueza. O conhecimento aprendido na escola impulsiona os cidadãos do país ao progresso, à pesquisa e ao desenvolvimento de novas tecnologias e produtos, que agregam valor e contribuem decisivamente para a prosperidade nacional.
Nas aulas de Física, Química e Biologia os estudantes desses países ingressam nesse universo e despertam para a possibilidade de assumirem um papel nesse desenvolvimento.
Nas aulas de História, Geografia, Filosofia e Sociologia os estudantes percebem as características e peculiaridades das relações sócio-econômicas da realidade e entendem as posturas empreendedoras e as necessidades jurídicas que precisam desenvolver para que esse desenvolvimento ocorra.
Em vez disso, o que faz São Paulo? Restringe o conteúdo a ser disponibilizado aos seus estudantes e praticamente anula a possibilidade de desenvolvimento produtivo. Limitando seus alunos ao básico da leitura e dos fundamentos da Matemática, o Estado propõe a formação semi-profissional de uma mão-de-obra essencialmente barata e desprovida da capacidade de criar, inovar e perceber sua realidade.
Até parece que isso faz parte de um projeto, mais amplo e perverso, que visa restringir o acesso ao conhecimento mais avançado à uma parcela privilegiada da população, que tem a oportunidade de estudar nas escolas particulares. Até parece que esse projeto seria uma resposta à idéia de reservar uma quantidade de vagas das Universidades públicas aos alunos que estudaram o Ensino Médio no sistema público.
Por acaso os vestibulares dessas universidades serão limitados aos conteúdos semi-profissionalizantes que o Estado planeja adotar?
Uma coisa é certa: até quem acredita em alguma boa intenção das pessoas que elaboraram essas propostas de reformulação curricular é capaz de perceber que a abordagem da questão está ERRADA. Não se corrige um problema desses com mais do mesmo. É preciso fazer uma reformulação pedagógica completa.
Se o problema é estrutural, deve-se prover e reorganizar as estruturas físicas e burocráticas da escola.
Se o problema é o professor, deve-se primeiro garantir aos docentes às condições necessárias ao seu trabalho (financeiras, estruturais e pedagógicas) para depois cobrar as posturas necessárias.
Se problemas é o aluno e a qualidade da educação familiar, deve-se interferir nesse processo com programas sociais e exigências legais, como já prevê a nossa legislação.
Se o problema é o Governo do Estado, que, com uma proposta dessas não parece perceber a dimensão do problema, deve o Sr Governador do Estado de São Paulo ter a dignidade de utilizar sua grande capacidade de organizar e sistematizar informações e pessoas qualificadas para atacar o problema em todas as suas dimensões, para que, como aconteceu com a Progressão Continuada, a reformulação curricular não promova um desastre educacional para as próximas gerações.