29 de mar. de 2010

Carta da presidenta da APEOESP

São Paulo, março de 2010.

Prezados senhores, prezadas senhoras,

A APEOESP, sindicato dos professores estaduais, pede respeitosamente licença para expor aos senhores e às senhoras, resumidamente, a situação atual da rede estadual de ensino, e os motivos que nos levaram a estar em greve desde o dia 8 de março.
Esta nossa mensagem é importante, porque estamos dialogando com pessoas cujos filhos e filhas são, possivelmente, nossos alunos e alunas na escola pública.
O propósito da nossa greve é, sim, melhorar nossas condições salariais e de trabalho, mas o objetivo maior é oferecer um ensino sempre de melhor qualidade.
Estar em greve nunca é uma situação fácil; por isto ela é um recurso que utilizamos quando as portas se fecham e não ocorre a negociação. É o que tem acontecido. Há muito tempo estamos alertando o governo de que nossos salários são muito baixos, que acumulamos muitas perdas e que as condições de trabalho são muito ruins. Isto afeta a qualidade do nosso trabalho e prejudica o aprendizado de seus filhos e filhas.
Mas o governo não nos atende, nem quer negociar. A resposta é sempre não, não e não. Para piorar, agora manda a polícia militar nos agredir, como tem ocorrido em diversas cidades e, com maior gravidade, na tarde de 26 de março nas imediações do Palácio dos Bandeirantes, deixando vários professores feridos.
Os senhores e as senhoras sabem que o professor que alfabetiza seus filhos, na jornada de trabalho de 24 horas semanais, ganha apenas seis reais e cinquenta e cinco centavos por hora aula?
E que o professor de 5ª a 8ª série e ensino médio ganha apenas sete reais e cinquenta e oito reais por hora aula? E que o nosso vale alimentação é de apenas quatro reais?
Escola não é só prédio e equipamentos. Eles são importantes, mas a essência da escola são as pessoas que nela estudam e trabalham. No entanto, ao contrário de serem valorizados, os professore estão submetidos a muita pressão. Leis e decretos que retiram direitos profissionais, impõem obrigações injustificadas, provas para isto e para aquilo e estimulam uma competição nada saudável entre professores, criando um clima nas escolas que não ajuda a melhorar o processo educativo.
Nós precisamos do apoio e da compreensão de vocês. Nossa profissão é ensinar. Nós formamos e dedicamos nossas vidas a isto. Nosso instrumento de trabalho é a educação. Estamos tristes com tanto desrespeito do governo, mas não nos entregamos porque temos compromisso com cada um de vocês e com seus filhos e filhas.
Quanto mais apoio houver, mais rápido o governo negociará e as escolas estaduais de São Paulo voltarão à sua rotina normal, mas haverá mais qualidade de ensino... podem estar certos disto!

Um grande abraço. Muito obrigada!


Maria Izabel Azevedo Noronha
Presidenta da APEOESP
Membro do Conselho Nacional de Educação

25 de mar. de 2010

Professor é a primeira referência

Profundamente envolvido com meu trabalho, não deixo de pensar na minha profissão hoje em dia. E refletir sobre ela é pensar, acima de tudo, na realidade dos meus alunos: suas referências, seu presente e seu futuro.

Dispensável é comentar a importância de um professor na vida de um jovem (é chover no molhado). Mas o professor não é só professor. É, antes disso, um ser humano que fez opções, tem história. E sua história é a de quem optou pelo conhecimento: obtê-lo, desenvolvê-lo e ajudar outros a fazerem o mesmo.

Na escola pública o professor é a primeira referência da maioria dos alunos que, em seu cotidiano, conhecem poucas pessoas que fizeram curso superior. Portanto, quando o professor diz para um aluno "VOCÊ PRECISA ESTUDAR" e arremata "SÓ COM O ESTUDO VOCÊ TERÁ UM BOM FUTURO", o aluno olha para ele e pensa. Mas se ele não vê no professor (sua referência de alguém que estudou) um exemplo de êxito profissional, o discurso do professor se esvazia e o aluno passa a desacreditar em suas palavras. Daí a falta de perspectiva, a violência, o desespero que é geral.

É uma questão simbólica. O professor não ensina apenas com sua voz e giz na mão. Ensina em silêncio, através da imagem que representa. E se sua imagem atualmente representa o fracasso (mesmo o concursado), o aluno conclui que seus anos de estudo não valem de nada e, logo, que "não vale à pena estudar".

Se a mídia, que tanto noticia desvios orçamentários, reclama a corrupção e deplora a desinformação do país é sincera, ela precisa estar do nosso lado, e não contra nós, como alguns jornais tem efetivamente se posicionado. É o momento de dar uma virada na história. É preciso nos dar voz e valor. Só assim teremos condições, em primeiro lugar, de continuar a estudar, para, só depois, ensinar.

Nós, professores, não temos conseguido pagar com a mínima tranqüilidade nossa vida cotidiana, criar nossos filhos. Temos uma vida precária. Como já foi dito e repetido, precisamos dar aula em várias redes de ensino ao mesmo tempo, ocupando nossa vida com jornadas de 50, 70, 90 horas por semana com aulas, preparação de provas e correções de 500, 700, 800, 1.000 avaliações individuais escritas mensalmente para termos o mínimo de condições de sobreviver. Isso precisa mudar. Esse ritmo de trabalho funciona como uma espécie de britadeira que destrói o cérebro de qualquer um. Daí que jovens brilhantes ao entrar na profissão, depois de 10 anos de magistério tornem-se embrutecidos. É um contra-senso cobrar mérito se você não dá condições para o professor se preparar. É esquizofrenia pura! Além do mais, os princípios do mérito cobrado estão equivocados.

Há critica para o nosso sindicato. Mas não percebe que NÃO SOMOS MANIPULADOS POR ELE. Essa greve é NOSSA e NÃO DO SINDICATO. O sindicato é o nosso representante e nós é que fazemos ele entrar em greve. Desde que atuo no magistério, essa é a greve mais lúcida dirigida por ele, pois tocou na questão central de nossa vida: aumento salarial. Por que afirmo isso? Por que o dinheiro no nosso bolso, além de aliviar nosso desespero, será nosso maior argumento junto aos alunos para convencê-los a estudar. O aumento salarial será o preenchimento de nosso discurso em sala de aula. Será nossa arma contra a violência na escola e na sociedade, enfim, contra a falta de referência do aluno.

Em suma, a vida do professor precisa ser a concretização do discurso veiculado por todos que chamam a atenção para a importância dos estudos. Precisamos ser referência para os alunos de que estudar é importante e vale à pena.

Greve, nesse momento, não é diversão, querer transtornar o trânsito ou provocar um fato qualquer para sair na mídia. É tentar provocar algum tipo de mudança. De mudança, para podermos construir um verdadeiro país.

Qualquer indignação com a educação como ela está nesse momento sem revolta com as CONDIÇÕES DE VIDA e de TRABALHO do professor, é falsa. É preciso refletir sobre isso. E agir.

Portanto, é por isso que estamos de greve, que é uma forma de ação para mudar este estado de coisas. Para que qualquer um de nós, professores, quando viermos a falar para nossos alunos estudarem para terem um futuro melhor, nos sintamos orgulhosos de nossa profissão e possamos citar a nós mesmos como exemplos para eles!!!

20 de mar. de 2010

Mais de 53000 motivos para PARAR

Mais de 53000 motivos para PARAR
Uma questão para cada 1000 presentes

1000. Será que todos nós que estávamos lá estamos errados?
2000. Quando a polícia deixará de fechar o espaço aéreo para não filmarem nossa manifestação?
3000. O Governo divulgar nºs errados é normal... mas a mídia? Quem será que eles têm o “rabo preso” com alguém?
4000. Quando nossos "colegas", que se dizem "politizados", e estão trabalhando, vão entrar nessa greve?
5000. Por quê muitos insistem em concordar em ficar trabalhando neste momento e depois, faltam mais do que aqueles que estão em greve, ao longo do ano?
6000. Quando será que nós vamos ter novamente o direito de ter ao menos o DiSSÍDIO ou REAJUSTE, referente a inflação no período?
7000. Quando o Estado vai parar de perder bons professores e bons alunos para a rede particular, pois os professores que estão lá trabalham ou já trabalharam para o Governo estadual?
8000. Será que todos que ainda não pararam, (diretores, vice-diretores, coordenadores pedagógicos, professores e funcionário) vão conseguir encontrar até o fim da greve uma BOA DESCULPA para não parar?
9000. Quando os Professores OFAs, na totalidade, vão perceber que é agora ou nunca?
10000. No final do ano vai ter provinha novamente?
11000. E se você não estiver bem neste dia?
12000. Que tal avaliarmos nossos alunos somente com UMA PROVINHA?
13000. Seria injusto, não?
14000. Até quando vamos ver nossos colegas do interior em massa em SAMPA e vamos ficar em casa esperando “passar na Tv”?
15000. Até quando alguns professores de história, geografia, filosofia e sociologia vão ensinar seus alunos civilidade, não participando da greve?
16000. Até quando você vai ficar calado?
17000. Até quando você vai continuar sendo hostilizado por alunos que se recusam a estudar a cartilha que o governo “preparou” para eles?
18000. Até quando vamos fazer de conta que não sabemos que os alunos fizeram sites com as respostas das apostilas?
19000. Até quando você vai acreditar que nas escolas há DOIS professores na sala de aula?
20000. Nas escolas que possuem, nem queiram saber qual é o salário da 2ª professora.
21000. Até quando você vai levar porrada de aluno ou de seu “responsável”?
22000. Até quando alguns professores vão continuar sendo ridicularizados nas delegacias de polícia, quando pedem humilhantemente para fazerem um B.O?
23000. Até quando vamos comer merenda escondido, ou comer o que sobra, inclusive aquelas almôndegas enlatas (lição de alimentação saudável), pois a merenda é somente para os alunos?
24000. Quando será que nosso vale-alimentação vai sair dos R$4,00?
25000. Quando será que vão parar de destruir os carros ou motos dos professores (muitos conseguimos comprar um carro ou moto parcelado, e depois viramos escravos do estado para pagar)?
26000. Quantos de nós temos, talvez, vergonha de dizermos que somos professores do Estado?
27000. Quantos estão adoecendo (de verdade)?
28000. Quantos professores possuem convênio particular?
29000. Quem conhece algum responsável que não sabe nada disso?
30000. Quem de nós escreve recadinhos no orkut e não denuncia tudo o que passamos (e eu me incluía até agora)?
31000. Você compra um livro por mês?
32000. Você já tirou xerox com seu dinheiro, pois o governo não nos oferece esse recurso?
33000. Você faz recargas de cartucho para imprimir as provas de seus alunos?
34000. Quando você imprime, você também compra as folhas?
35000. Algum de vocês já comprou as folhas, imprimiu em sua casa, ou tirou cópias com seu dinheiro e depois algum aluno “rasgou” a atividade?
36000. Alguém conhece algum aluno com Necessidades Educativas Especiais que possui todos os recursos necessários (além das rampas, que já foram uma grande conquista)?
37000. Quase esqueci, alguém vai a teatro ou cinema mais de uma vez no bimestre?
38000. Qual de vocês possui Tv por assinatura?
39000. E Internet rápida?
40000. Quem conhece outro profissional, que tenha nível superior, e ganhe o equivalente a nós?
41000. Quantos de nós, mesmo após tudo isso, damos audiência para o “BBB” na Globo?
42000. Quem precisa de uma reforma em sua escola, mesmo após as reformas realizadas?
43000. Quem precisa de um banho de loja? É, professor tem que se vestir!
44000. Quem precisa de uma lousa descente (para quem não é professor, nós ainda usamos lousa).
45000. Quem pega várias conduções por dia, e paga todas (diferente dos PMs e do pessoal do Correio).
46000. Até quando vamos dar provas de somente uma folha para os nossos alunos, (pois mais do que isso não dá para pagar), e vemos nossos alunos serem obrigados a fazem um SARESP, um ENEM, uma PROVA BRASIL e as tais OLIMPÍADAS, com aproximadamente 20 páginas?
47000. Até quando vamos passar tantas horas educando os filhos dos outros (em jornadas absurdas) e vamos reservar mais tempo para os nossos?
48000. Quando será que todos nós vamos perceber que tudo é política? (E ainda dependem de nós para trabalharmos na eleição dos que não nos representam!)
49000. Será que realmente vivemos num país democrático? Se a Educação é calada?
50000. Até quando vamos ficar pensando em mudar de profissão?
51000. Quem nunca corrigiu um pacote de provas com visita na sala de casa?
52000. Quem, lá no fundo da alma, não sentiu um pouquinho de vergonha por não ter ido lá?
53000. Tenho certeza que tinha mais questões e mais colegas na Paulista, mas vou parar por aqui.

16 de mar. de 2010

Conheça seus direitos

Paralisacão dos professores - 12-03-2010

Uma greve justa

Uma greve justa
O descaso com a educação pública no Brasil já é sabido por todos e não é de hoje. Infelizmente fica sempre em terceiro ou quarto plano. Em São Paulo, o estado mais rico da nação, pasmem, a situação é pior ainda. Com um orçamento fabuloso , nos deparamos com quase todas as escolas, sem salas de informática em funcionamento, já não vemos em quase nenhuma delas, laboratórios de química , biologia, salas ambientes para ciências e outras áreas. Assistimos sim, a propagandas enganosas, que mostram que as escolas são de primeiro mundo, o que não é verdade. Por isso , a greve é mais que justa..........

UNESP Marilia apoia a greve dos professores

UNESP Marilia apoia a greve dos professores
O Centro Acadêmico de Pedagogia “Anísio Teixeira” da Faculdade de Filosofia e Ciências – UNESP – Campus de Marília vêm por meio de esta moção manifestar integral apoio e solidariedade aos professores da Educação Básica do Estado de São Paulo, representados pela APEOSP, em greve desde segunda-feira (08/03/09).

A greve pela dignidade do magistério e pela qualidade da educação é um legítimo direito dos trabalhadores frente à política de sucateamento da educação e precarização do trabalho docente do atual Governo SERRA.

Entendemos que as reivindicações da categoria vão ao encontro de uma concepção de Educação para além da qual está posta pelo governo SERRA:

- NÃO A MERITOCRACIA!!!!

- AUTONOMIA DOCENTE!!!

- NÃO A UMA ESCOLA EM FAVOR DO CAPITAL!!!

Não queremos mais reformas que trazem em seu bojo oportunismo e um discurso enviesado, que coloca como o grande problema da educação a falta de controle sobre a atividade docente. A aula não se trata de um produto a ser consumido pelo aluno, e o professor não é um mero “dador” de aula que precisa provar produtividade através de provas. O/A professor/a se trata de um profissional capacitado, que merece melhores condições de trabalho, para poder articular com os alunos conhecimento, cultura e apropriação destes através de uma relação de interação. Além do professor/a ter que se submeter a péssimas condições de trabalho, não garantem a ele o exercício do magistério de qualidade, como por exemplo, as salas lotadas, agora lhe são revogados direitos historicamente conquistados, por lutas e movimentação política.

-CONTRA O PRATICISMO DEFENDIDO POR PAULO RENATO

O atual secretário em suas falas a imprensa responsabiliza a falta de qualidade do ensino aos professores, que deveriam ter menos ideologia e mais pragmatismo. Se tratando de uma pessoa que não tem formação na área da educação, entendemos que ele se engana sobre os conceitos de ideologia e pragmatismo.

10 de mar. de 2010

Didática tucana










Há muitos anos em São Paulo, o estado mais rico da federação, a educação pública tem sido deixada de lado por sucessivos governos ligados ao memo grupo. Salários baixos, não respeito à data base, política de bonificações que garantem aumento real do salário, falta de diálogo com o professorado, desrespeito aos aposentados, etc.



Além disso, salas de aulas super lotadas, laboatórios de informática que não funcionam, inexistência total de laboratórios nas escolas, enfim , um caos.



É triste ter que falar sobre isso, mas repito, é o estado mais rico do país. Dinheiro suficiente para atender a todas as reinvidicações existe. O que falta é vontade política para sanar o problema. Falta respeito para com o cidadão que paga os seus impostos em dia. Falta vontade política para sentar numa mesa de negociação.



É necessário exigirmos educação de qualidade, pois esse é o único caminho para termos todos os jovens sendo verdaeiros cidadãos e preparados para o enfrentamento das dificuldades e para o mercado de trabalho. É uma luta que necessita da participação de todos.









Quem sou eu

Minha foto
Sou paranaense de Ivaiporã e atualmente morando em Hortolândia desde 1991. Sou formado em matemática pela UNIVALE (PR), com especialização pela UNIG ( RJ ). Também sou formado em engenharia civil pela PUC - CAMPINAS ( PUCCAMP). Leciono atualmente na EE Prof. Euzébio A Rodrigues.Já lecionei em diversas escolas de Hortolândia-Sp e também em Sumaré - Sp. Nas escolas onde lecionei, fui representante de escola junto à APEOESP ( Sindicato dos professores ), além de ter sido também conselheiro regional. Defendo que a educação ( escola ) seja de qualidade e acessível para todos, onde tenhamos uma sociedade com cidadãos conscientes de que precisamos lutar por um mundo mais justo e com igualdade para todos. Esse é o verdadeiro papel da educação. Vamos à luta,pois sem nenhum esforço e dedicação, não conseguiremos atingir todos os nossos objetivos.
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